quarta-feira, 1 de outubro de 2008

O segundo parto.

Depois de uma férias cá estou de volta :)
O parto é sempre o momento mais temido - e ao mesmo tempo mais desejado - pela futura mamã. Mas, embora pareça mentira, quando se trata da segunda experiência, os receios são, geralmente, maiores.
Quem observa a cena de fora, acha que as mulheres que esperam um segundo filho, como já passaram pela experiência e “sabem do que se trata”, manejarão a situação “à vontade”, e entrarão na sala de parto com uma grande confiança.
No entanto, nada mais afastado da realidade. Porque a verdade e que o segundo parto vive-se, a maior parte das vezes, com mais angústia de que o primeiro. Com efeito, os receios da mamã que vai dar à luz o seu segundo filho - embora sejam semelhantes aos que experimentou com o primeiro - , estão agora corrigidos e aumentados. Neste caso, somam-se novas ansiedades, que se aplicam a todo o parto, e que serão ainda maiores com o terceiro filho.
O que quer dizer que o medo incrementa-se na medida em que aumenta o número de filhos. Noutras palavras: quanto mais partos, maiores receios. Embora pareça um paradoxo, nesse momento concentram-se todos os temores, ansiedades e preocupações face aos riscos - tanto reais como imaginários - que agora se sabe, com toda a certeza, que existem. No entanto, é verdade que os receios, trate-se do primeiro filho ou do quinto, dependem de cada mulher e da sua história.
Na recta final
Durante o último mês de gestação, seja do primeiro ou do sexto filho, a iminência do nascimento do bebé representa para os pais, e muito especialmente para a mãe, o culminar de um período de tensa espera. O parto depressa chegará, e as fantasias concentram-se em redor do medo da morte, da dor e do vazio. Na parte final, da mesma maneira como aconteceu com o primeiro filho e que sucederá com os seguintes, a mulher tem sentimentos desencontrados. Por um lado, a sua parte “madura” anseia pela chegada do bebé.
Por outro, perturba-a a ideia de que a gravidez esteja a chegar ao fim. E, ao mesmo tempo, o seu aspecto mais infantil anseia por escapar do parto com medo da dor. A verdade é que face a cada parto a futura mãe sente que deve efectuar um exame no qual - nada mais nada menos - vai “tirar o diploma de mamã” tantas vezes como filhos tiver. E é muito importante dar-lhe a garantia de que saberá fazê-lo muito bem.
Os receios do pré-parto
ansiedade específica desta etapa é a incerteza, que se exprime sob a forma de curiosidade, respeitante à data em que se produzirá o parto e do sexo do filho, se é que ainda não o conhece. E embora cada mamã deposite os seus temores em alguma circunstância particular que a inquieta e preocupa, existem alguns que poderíamos chamar “universais”, dado que são compartilhados por quase todas as mulheres. Os mais frequentes referem-se a situações que a mulher não pode controlar. Entre eles: não conhecer como está colocado o bebé na sua barriga, não saber o que ele faz e o que sente, e o medo ao roubo ou troca do bebé. É por isso que todas as mães desejam e pedem sempre para ver o seu bebé na altura em que nasce. Desta forma, pode reconhecê-lo como próprio.
Surgem, ao mesmo tempo, os receios de morrer no momento de dar à luz, de ter um parto traumático, um filho disforme, ou a morte do bebé, aos que se somam o de não encontrar o médico no instante preciso, o de não saber quando deve ir para a maternidade, ou de ficar sozinha quando começam as contracções. No respeitante ao medo da dor, suscita-se um paradoxo. Por um lado, o bíblico “parirás com dor” parece continuar a vigorar apesar da existência da anestesia peridural. De facto, muitas vezes a mulher chega à maternidade em avançado trabalho de parto e ao perguntar-lhe porque não chegou mais cedo ela responde “porque não me doía”. De modo que parto e a dor parecem estar indissoluvelmente associados. E como se tudo isto fosse pouco, aparecem, além disso, o medo de enfrentar esse desconhecido que é o recém-nascido, e a angústia da separação, essa tristeza pela perda da barriga. Porque embora seja verdade que se ganha um filho, perde-se o estado de grávida, vivido geralmente como um estado de plenitude, com todos os olhares, mimos e elogios. Situação que não se repetirá até à próxima gravidez.
Segundo parto, novos receios
Quando se trata do segundo filho, às ansiedades atrás mencionadas, somam-se algumas novas, relacionadas, basicamente, com o primogénito. Com efeito, nas últimas semanas ou dias anteriores ao parto, a mamã tem vontade de conhecer o seu bebé, tê-lo nos braços, dar forma e rosto às imagens tantas vezes fantasiadas e esperadas, mas sente, ao mesmo tempo, uma série de receios e preocupações pelo seu primeiro filho.
Um momento maravilhoso
Não obstante, e para lá dos receios, o parto é um processo natural e maravilhoso, para o qual nos preparámos durante nove meses. Chegado o momento, com uma adequada atenção profissional conseguiremos dominar a ansiedade e desfrutar de uma das experiências mais fascinantes da vida. Para finalizar, um pequeno conselho “anti-ciúmes” (e pró auto-estima): no momento de entrar na maternidade, coloque no saco um porta-retratos com uma fotografia linda e grande do primogénito. Desta maneira, quando visitar a sua mamã e o bebé na maternidade, a criança sentirá que apesar da chegada de um novo membro à família ele também continua a ser importante, conserva certo protagonismo e, fundamentalmente, está muito presente entre os afectos mais apreciados pela sua mamã.
Os receios típicos de todos os partos

*Que o bebé nasça com alguma malformação.
*À morte do recém-nascido.
*À dor.
*Às contracções e à episiotomia.
*De ficar magoada.
*De morrer no parto.
*À solidão e ao desamparo.
*A expulsar ou reter o bebé, como expressão do desejo de um parto prematuro ou de prolongar a gravidez.
*De não recuperar a linha.
*De não saber quando tem de sair da maternidade.
*De não chegar a tempo à maternidade e dar à luz em casa ou noutro lugar.
*De que o “seu” médico não chegue a tempo para o parto.
Os receios do segundo parto
Além das ansiedades típicas do parto, com o segundo filho a mãe experimenta alguns receios novos:

*De morrer durante o parto e que o primogénito fique sem mãe.
*Dos ciúmes do primogénito: até agora “rei” da casa, a mamã receia pelos naturais ciúmes que o primeiro filho sentirá pela presença do seu irmãozinho.
*De não conseguir amar o novo bebé com a mesma intensidade do primeiro: este sentimento é comum a todas as mamãs que esperam um segundo filho, embora nem sempre o manifestem abertamente (“que pensarão se me ouvem? Vão julgar que eu sou uma má mãe”).
*Quem cuidará do primogénito quando ela for internada: quando a data do primeiro parto se aproxima, a mamã preocupa-se pelo enxoval, por ter a casa preparada para receber o bebé e o saco pronto com todas as coisas que deve levar para a maternidade. Mas agora deverá prever, além disso, quem cuidará do irmãozinho - ansioso, na expectativa e ciumento - quando tiver de sair da maternidade. Com quem ficará? Tratá-lo-ão como eu o tratava? E se for de madrugada, como farei? E se não me der tempo de deixá-lo com a avó? Estas são algumas das dúvidas mais frequentes.

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